quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Jonas que virou Mestre


Foi um erro de preenchimento de formulário que entregou à Belo Horizonte um de seus maiores compositores da atualidade. Jonas Henrique, ou melhor, Mestre Jonas, timidamente confessa que o apelido dado pela amiga Erica Machado mão o agrada muito, mais agora, depois de tocar com artistas do porte de Noca da Portela, Dona Yovone Lara e Riachão, não tem mais jeito é Mestre Jonas mesmo.

A música entrou na vida do compositor, instrumentista e cantor sem pedir licença, tudo por causa da canção Baby de Caetano Veloso. Mestre Jonas pegou o dinheiro que recebeu ao sair da firma que trabalhava como estagiário de engenharia civil e comprou um violão, a intenção era uma só: tocar a tal música de Caetano Veloso. Por volta de seus 21 anos se inscreveu na Escola Guignard. Sua pretensão era cursar design, mas na hora da inscrição, meio assim, “sem querer”, se inscreveu pra música.  Já na tradicional escola de artes de Belo Horizonte Jonas começou a criar suas composições “Eu não sabia tocar direito aí eu comecei a inventar as minhas músicas.” Explica Mestre Jonas.

Foi Érica Machado que incentivou Mestre Jonas, ex-junior do Atlético Mineiro,  afastado graças a uma labirintite. “Depois de um show na Guignard que eu cantei musicas minhas e de outras pessoas  a Érca me falou: “eu gostei mais das suas’ isso me deu um gás sabe? ”, conta Jonas.  Ali, Jonas percebeu o seu caminho. Mas, o Mestre só se assumiu como músico em 2002 no projeto Reciclo Geral, da associação Reciclo Cultural. Lá Jonas entrou em contato com outros artistas que iriam determinar o rumo de sua vida e de sua Música.

De acordo com mestre Jonas, foi no Reciclo que aconteceu o se primeiro show “de verdade”. Show que foi apadrinhado pelo violinista Juarez Moreira. “Fiz meu primeiro show pensado do começo ao fim, com conceito, só voz e violão.” Foi no Reciclo também que Mestre Jonas conheceu os sambistas Dudu Nicassio e Miguel dos Anjos, que hoje mais do que parceiros, são companheiros.

Sambêro
Na hora da produção e divulgação do primeiro CD de Mestre Jonas, foram justamente os dois compositores que alertaram o Mestre do verdadeiro significado do nome Sambêro. “Em São Paulo, Sambêro é aquele que tá no samba de passagem. Tá no samba, mas não é do samba”,  explica Jonas.  Depois de saber o verdadeiro significado da palavra Jonas pensou em trocar, mas decidiu continuar com o mesmo nome. Isso porque Jonas não quer ser lembrado apenas como sambista, mas como o artista cheio de influencias que é. Exemplo disso é música que da titulo ao cd, o Sambêro, que é um Maracatu.

Além de participar da produção do CD o Sambêro, os parceiros de Mestre Jonas, Dudu Nicassio e Miguel dos Anjos idealizaram o projeto Samba da Madrugada, que hoje acontece no Ziriguidum Bar Cultural. “A ideia era ter um lugar pra gente continuar tocando depois do show e também para aquelas pessoas que trabalham na noite e querem fazer alguma coisa”. Lembra Mestre Jonas. Já no primeiro show cerca de 40 pessoas se reuniram para ver o samba improvisado na madrugada, isso só na divulgação boca-a-boca.

O projeto Samba da Madrugada é cria do projeto Samba do Compositor, que acontecia na Casa, em Santa Tereza. Todos os dois de muito sucesso na noite de Belo Horizonte, o que mostra a boa cena atual do samba na cidade. Mestre Jonas fica muito feliz de ver o samba sendo divulgado, mas faz uma ressalva “Quando a classe media se apossa da parada ela tem força, ela toma frente e ofusca uma galera que já ta caminhando, que faz samba a muito tempo”.

Outro ponto fraco do samba em Belo Horizonte apontado por mestre Jonas é a desunião dos sambistas e a falta de articulação da classe. “ A gente perdeu o carnaval que era o segundo maior do Brasil, porque o pessoal não pressionar o poder público. Cada vez mais Belo Horizonte não aceita as pessoas na rua. A moçada parece ter medo de mostrar a cara né ?”. Entretanto, mestre Jonas afirma que os sambistas já começam a se movimentar, aos pouco, é um movimento.

0 comentários:

Postar um comentário