segunda-feira, 26 de abril de 2010

Quando eu morrer, quero que a sambada continue


Dois sentimentos distintos sobre o falecimento de Biu Roque aos 72 anos, na última sexta feira (23 de abril).  Primeiro vem a tristeza pela perca. Biu Roque, nascido no município de Condado (PE) é um dos mestres populares mais respeitados da Zona da Mata em Pernambuco. O mestre dominava diversos ritmos populares como Coco de Roda, a Ciranda, o Maracatú Rural e as todas de Cavalo Marinho, além de muitos sambas daquela região.

Com a morte de Biu Roque perde-se um agente determinante para sobre vida de diversas manifestações. Na dissertação “Viva Pareia! A arte da brincadeira ou a beleza da safadeza: uma abordagem antropológica da estética do Cavalo Marinho”, defendida em 2002 no IFCS/UFRJ, pela antropóloga Maria Acselrad, Biu Roque é citado diversas vezes, tamanho o seu conhecimento das culturas populares da Zona da Mata pernambucana, mas também é citado pela antropóloga como grande estimulador para participação dos mais jovens, fundamental para "manutenção" das brincadeiras.

A alegria vem do legado deixado pelo mestre, mesmo sem a fama de Mestre Salustiano, Biu Roque propagou mundo a fora as tradições populares de sua região e deixou discípulos, os mais ilustres são Siba Veloso e Alessandra Leão.

Com Siba, Biu Roque participou de dois discos do Mestre Ambrósio (1996 e 1999) e formou a Fuloresta do Samba, grupo composto por mestres da Zona da Mata pernambucana que viajou o mundo e foi muito bem recebido pela crítica.

O primeiro disco do mestre já está finalizado e contou com a ajuda nas gravações de Alessandra Leão e seu marido, o arranjador e produtor Caçapa. Este disco se chama "A noite hojé é a maior".

Segundo o jornal Diário de Pernambuco, pouco depois da partida do mestre, Siba e Alessandra tinham shows marcados na programação paralela do festival Abril pro Rock, mas eles mantiveram as apresentações em homenagem ao mestre que dizia: "Quando eu morrer, quero que a sambada continue".

João Soares da Silva, conhecido como Biu Roque, patrimônio vivo da cultura popular de Pernambuco morreu em 24 de abril, vitimado por um AVC.

"era uma estrada, sem começo e fim e as flores deste jardim, meus avós plantaram"


Biografia de Biu Roque
 http://www.myspace.com/biuroque

DISCOGRAFIA
Cavalo-Marinho, Brésil: Fête de Rue du Nordeste - Cavalo Marinho Boi Brasileiro (2003, Buda Musique)
Mestre Ambrósio - Mestre Ambrósio, (1996, Independente)
Fuá na Casa de Cabral - Mestre Ambrósio (1999, Sony Music)
Fuloresta do Samba - Siba (2002, Independente)
No Baque Solto Somente - Siba e Barachinha (2003, Independente)
Excelentes Lugares Bonitos - Beto Villares (2003, Ambulante Discos)
Músicas de Rabequeiros - Coletânea (2004, Independente)
Pimenta com Pitú - Luiz Paixão (2005, Outro Brasil)
Brinquedo de Tambor - Alessandra Leão (2006, Independente)
What's Happening in Pernambuco: New Sounds of the Brazilian Northeast - Coletânea (2007, Luaka Bop)
Toda vez que eu dou um passo, O mundo sai do lugar - Siba e a Fuloresta (2007, Independente)
DVD "Toda vez que eu dou um passo, O mundo sai do lugar - Siba e a Fuloresta, (2008, Itaú Cultural)
Frevo do Mundo - Coletânea (2008, Candeeiro Records)
Macunaíma Ópera Tupi - Iara Rennó (2008, Independente)
Criolina: Globrazilian Grooves - Coletânea (2008, Independente)
Canoa Furada (Single) - Siba e a Fuloresta, 2009 (Independente)

1 comentários:

Marcos disse...

que grande Pernambucano, fico orgulhoso vá com Deus grande poetade Condadodense, infelismente meita gente não conheçe a cultura, ou conheçe faz que não conheçe, um dia vão ver que vez parte dessa historia de condado e do Brasil.

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