sexta-feira, 7 de maio de 2010

Nóis é jeca mais é Bamba

O Blog Ocê no Samba nasceu para "agendar" o samba de Belo Horizonte, mas na medida em que os jovens jornalistas entravam na roda, percebiam que a necessidade de publicizar os sambistas mineiros era evidente. O Blog se tornou uma referência para a cobertura do samba da capital e o desafio agora é como eles vão suportar a demanda de serem os únicos a propor este tipo de cobertura.

Entrevista: Pedro Thiago
Redação: Gabriela Rosa

Os meninos do Ocê no Samba com os leitores do blog.
Julio Cesar, Lucas Alvarenga (Ocê), Franciele Cristina, Guilherme Brasil (Ocê) e Anderson Gonçalves (Ocê).  

Entre uma cerveja e outra os amigos Anderson Gonçalves e Guilherme Brasil decidiram montar um blog para divulgar a cena de samba de Belo Horizonte. Na recente trajetória do blog Ocê no Samba, os fundadores contabilizam um nome que não vingou (Tem Mais Samba), um terceiro integrante, cerca de 55 mil seguidores e a pequena pretensão de definir e ajudar a consolidar a cena de samba na capital Mineira.

“A gente tava saindo do Lapa, lá do samba bate outra vez, aí eu falei pro Anderson: Vamos montar um blog de samba? e Ele falou: Vamos! Como a gente já tinha tomado todas, no outro dia, a gente se perguntou se lembrava da promessa.” Não só se lembraram da promessa como partiram para execução, depois de cerca de sete meses de planejamento o site Ocê no Samba é colocado no ar.

Depois de colocar o blog no ar os rapazes começaram a buscar uma identidade, criando a logo e produzindo matérias. Para isso era necessário ir ao reduto da boemia de Belo Horizonte. “Como o blog ainda tá consolidando a gente vai junto pra mostrar a cara e fortalecer o contato.” Explica Guilherme. Quando têm muitos eventos na cidade a situação chega a mudar e os três se dividem. Mesmo assim, quando isso acontece, os blogueiros preferem montar uma caravana percorre, como em uma maratona, vários eventos da cidade.

Com nove meses de funcionamento hoje os mancebos do Ocê no Samba já são conhecidos em boa parte das casa de show que tocam samba na cidade. Para Guilherme, Anderson e Lucas, o mais jovem e novo integrante do blog o crescimento do Ocê no Samba acontece de forma solidificada. Apesar da modéstia dos rapazes o crescimento das visitas no site há que ser considerado. De dezembro até abril houve um crescimento de cerca de 40%. Sem ação de divulgação planejada isso é coisa demais.

Esse crescimento do blog mostra o sucesso não só com o público, mas também com os sambistas de Belo Horizonte. Anderson, atribui a credibilidade dos blogueiros do Ocê no Samba à forma de abordar os artistas. “A gente chega assim, querendo aprender com os caras, perguntando como é que é? Como é que faz? Sem arrogância. A gente vai bem mineiro, comendo pelas beiradas.”

Para os garotos outro motivo de grande aceitação do blog é a carência que os artistas tem de alguém que divulgue, bem, o trabalho deles. “Todo mundo que a gente conversa já compra a historia do blog como se fosse uma coisa necessária. ‘Eu não vou fazer, mas é legal que alguém esteja fazendo’.” Afirma Anderson.

Passando muito tempo na noite e com uma produção de cerca de quatro posts, bem escritos e ilustrados, por dia era de se esperar que os rapazes soubessem uma coisa ou duas sobre a cena do samba de Belo Horizonte. E sabem mesmo, além de reconhecer que essa é uma cena em crescimento os menino fazem uma previsão “Eu raciocino o samba igual forró, teve um modismo violento, mas ele captou muitos seguidores e manteve um publico fiel. O samba vai seguir o mesmo caminho”.

A confiança na cena de samba é tanta que os blogueiros vão fazer uma reformulação no blog e transformá-lo em site. Com isso esperam atender melhor os apreciadores de samba da capital. Da mesma forma, com a expansão do trabalho, os rapazes pretendem arrecadar um capilé , para ajudar nas despesas necessárias para manter o blog, que, até agora, tem saído do bolso dos rapazes.

Quer saber o que rola no samba da capital? Visite o blog Ocê No Samba, aqui, nós é jeca mais é bamba.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Jonas que virou Mestre


Foi um erro de preenchimento de formulário que entregou à Belo Horizonte um de seus maiores compositores da atualidade. Jonas Henrique, ou melhor, Mestre Jonas, timidamente confessa que o apelido dado pela amiga Erica Machado mão o agrada muito, mais agora, depois de tocar com artistas do porte de Noca da Portela, Dona Yovone Lara e Riachão, não tem mais jeito é Mestre Jonas mesmo.

A música entrou na vida do compositor, instrumentista e cantor sem pedir licença, tudo por causa da canção Baby de Caetano Veloso. Mestre Jonas pegou o dinheiro que recebeu ao sair da firma que trabalhava como estagiário de engenharia civil e comprou um violão, a intenção era uma só: tocar a tal música de Caetano Veloso. Por volta de seus 21 anos se inscreveu na Escola Guignard. Sua pretensão era cursar design, mas na hora da inscrição, meio assim, “sem querer”, se inscreveu pra música.  Já na tradicional escola de artes de Belo Horizonte Jonas começou a criar suas composições “Eu não sabia tocar direito aí eu comecei a inventar as minhas músicas.” Explica Mestre Jonas.

Foi Érica Machado que incentivou Mestre Jonas, ex-junior do Atlético Mineiro,  afastado graças a uma labirintite. “Depois de um show na Guignard que eu cantei musicas minhas e de outras pessoas  a Érca me falou: “eu gostei mais das suas’ isso me deu um gás sabe? ”, conta Jonas.  Ali, Jonas percebeu o seu caminho. Mas, o Mestre só se assumiu como músico em 2002 no projeto Reciclo Geral, da associação Reciclo Cultural. Lá Jonas entrou em contato com outros artistas que iriam determinar o rumo de sua vida e de sua Música.

De acordo com mestre Jonas, foi no Reciclo que aconteceu o se primeiro show “de verdade”. Show que foi apadrinhado pelo violinista Juarez Moreira. “Fiz meu primeiro show pensado do começo ao fim, com conceito, só voz e violão.” Foi no Reciclo também que Mestre Jonas conheceu os sambistas Dudu Nicassio e Miguel dos Anjos, que hoje mais do que parceiros, são companheiros.

Sambêro
Na hora da produção e divulgação do primeiro CD de Mestre Jonas, foram justamente os dois compositores que alertaram o Mestre do verdadeiro significado do nome Sambêro. “Em São Paulo, Sambêro é aquele que tá no samba de passagem. Tá no samba, mas não é do samba”,  explica Jonas.  Depois de saber o verdadeiro significado da palavra Jonas pensou em trocar, mas decidiu continuar com o mesmo nome. Isso porque Jonas não quer ser lembrado apenas como sambista, mas como o artista cheio de influencias que é. Exemplo disso é música que da titulo ao cd, o Sambêro, que é um Maracatu.

Além de participar da produção do CD o Sambêro, os parceiros de Mestre Jonas, Dudu Nicassio e Miguel dos Anjos idealizaram o projeto Samba da Madrugada, que hoje acontece no Ziriguidum Bar Cultural. “A ideia era ter um lugar pra gente continuar tocando depois do show e também para aquelas pessoas que trabalham na noite e querem fazer alguma coisa”. Lembra Mestre Jonas. Já no primeiro show cerca de 40 pessoas se reuniram para ver o samba improvisado na madrugada, isso só na divulgação boca-a-boca.

O projeto Samba da Madrugada é cria do projeto Samba do Compositor, que acontecia na Casa, em Santa Tereza. Todos os dois de muito sucesso na noite de Belo Horizonte, o que mostra a boa cena atual do samba na cidade. Mestre Jonas fica muito feliz de ver o samba sendo divulgado, mas faz uma ressalva “Quando a classe media se apossa da parada ela tem força, ela toma frente e ofusca uma galera que já ta caminhando, que faz samba a muito tempo”.

Outro ponto fraco do samba em Belo Horizonte apontado por mestre Jonas é a desunião dos sambistas e a falta de articulação da classe. “ A gente perdeu o carnaval que era o segundo maior do Brasil, porque o pessoal não pressionar o poder público. Cada vez mais Belo Horizonte não aceita as pessoas na rua. A moçada parece ter medo de mostrar a cara né ?”. Entretanto, mestre Jonas afirma que os sambistas já começam a se movimentar, aos pouco, é um movimento.